Sábado, 28 de dezembro de 2024

Uso inteligente de tecnologias de irrigação é pauta na Arena Agrodigital

Como um pequeno país, desértico e com grande índice de salinidade do solo conseguiu aumentar a sua produção agrícola a ponto de se tornar um grande exportador? Essa questão foi respondida nesta terça-feira (7), nos painéis sobre Israel na Arena Agrodigital da Expodireto Cotrijal. 

A palestra “O ecossistema agro inovador de Israel”, que teve como mediador João Paulo Zampieri, fundador da ZMP Consultoria, trouxe o panorama dos investimentos em tecnologia para o agro realizados pelo país do Oriente Médio, que tem alcançado resultados promissores com o uso de inovações. Para contribuir com o debate também participaram João Vitor Zampieri, sócio da ZMP Consultoria, e Caio Naday Castelo Branco, representante do Ministério da Economia e Indústria de Israel.

“Um dos maiores exemplos de inovação para o agro que foi desenvolvido em Israel é a técnica de irrigação em gotejamento, que fez com que áreas totalmente desérticas se transformassem em solo fértil sem ocorrer o desperdício de água, que é tão escassa no país”, explica o representante de Israel.

Irrigação inteligente e o uso de dados

Desde o primeiro protótipo de irrigação em gotejamento até a solução utilizada hoje no país, muito se avançou no quesito tecnologia. A técnica garante uma economia de água de 25% a 75% em relação à irrigação comum, pois equaliza o fluxo de água de forma constante e no mesmo volume.

As estruturas também oferecem dados em tempo real para os produtores, que junto com a análise climática e do solo conseguem adaptar o manejo e o uso dos recursos. Outro ponto positivo da prática é que a umidade da plantação não é excedida, garantindo mais saúde e prevenindo a ocorrência de fungos.


Reciclagem e dessalinização da água

Mas de onde vem a água de um país com índices pluviométricos baixíssimos? Do reaproveitamento, da reciclagem e até da dessalinização da água. Atualmente, Israel consegue reciclar em torno de 85% de suas águas residuais, como o esgoto. E do total reciclado, mais de 75% é utilizado na agricultura.

Já o processo de dessalinização abastece metade da população israelense, gerando 37 bilhões de galões por ano. O uso e o reuso de recursos hídricos possibilitou não só o desenvolvimento agrário, mas também o crescimento econômico da nação.

“O grande ensinamento do povo de Israel para o agro brasileiro é a proatividade. Reclamar ou esperar por uma mudança de clima não traz resultado para a lavoura. O Brasil é um país rico em recursos hídricos, rico em insumos, muito privilegiado. Se os israelenses conseguiram transformar deserto em plantação, imagina o que nós poderíamos fazer aqui”, provoca João Paulo Zampieri.

Referência mundial em inovação e tecnologia

Outro ponto de destaque da palestra foi sobre o investimento em tecnologia. Enquanto o Brasil aplica em média 1% do PIB no segmento, Israel destina mais de 5% do seu PIB à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. São mais de U$$ 800 milhões apenas às agtechs.

“O governo israelense colabora com as startups de diferentes maneiras. Há uma série de estruturas para suporte às novas empresas, desde o momento inicial, que chamamos de seed, até que as suas soluções sejam completamente aplicáveis e acessíveis”, esclarece Castelo Branco.

São 7.200 startups existentes em Israel, das quais 675 são voltadas para o agro. Além de apoio financeiro e estrutural, as iniciantes israelenses contam com o apoio governamental para se conectarem com diferentes ecossistemas de inovação no mundo, fortalecendo as relações internacionais.

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