Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de outubro de 2021
Divergências sobre a vacinação contra a Covid-19 motivaram discussões em 40% das famílias com adolescentes na Itália. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos para a ONG Save The Children com jovens de 14 a 18 anos, que fazem parte do público-alvo da campanha nacional de imunização contra o novo coronavírus.
De acordo com a sondagem, quatro em cada 10 entrevistados relataram discussões familiares, “ao menos algumas vezes”, sobre a importância das vacinas. Dentro desse grupo, 60% alegam que o motivo das brigas foi o fato de eles serem favoráveis à vacinação contra a Covid, enquanto os pais eram contra.
Em 70% dos casos em que houve discussões, os jovens que queriam se imunizar tiveram liberdade para fazê-lo. Os outros 30% foram proibidos de se vacinar ou precisaram insistir muito com os pais para garantir sua proteção contra a Covid.
O movimento antivacina está presente na Itália há vários anos e hoje é o principal responsável pela redução no ritmo de imunização contra o novo coronavírus no país.
Números
Quase 80% do público-alvo (pessoas a partir de 12 anos) já está totalmente vacinado, porém cerca de 8,7 milhões de pessoas ainda não tomou sequer a primeira dose, sendo 3,1 milhões apenas na faixa etária de mais de 50 anos.
Na semana entre 6 e 12 de julho, foram aplicadas pouco mais de 4 milhões de vacinas anti-Covid na Itália, porém esse número caiu para 1,5 milhão no período entre 19 e 25 de setembro. Hoje o país tem cerca de 14 milhões de doses em estoque para serem aplicadas, de acordo com o Ministério da Saúde.
A pesquisa encomendada pela Save The Children também revelou que 64% dos adolescentes defendem a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid e que 73% confiam na ciência para combater a pandemia. Ainda assim, 59% deles acham compreensível que as pessoas tenham receio dos imunizantes.
“Esses dados confirmam a consciência e a forte responsabilidade dos jovens, não podemos continuar não os escutando”, comentou Raffaela Milano, diretora dos programas para a Itália da Save The Children.
Antivacina
No Brasil, ao longo dos últimos anos, percebe-se uma queda de cobertura vacinal do calendário básico de imunização. No ano passado, nenhuma das vacinas básicas teve meta alcançada pela primeira vez. Especialistas apontam que há vários motivos para isso. Um deles é a disseminação de informações falsas pelo movimento antivacina —e que vem ganhando força no País e no mundo.
Uma prova disso é que 75% das pessoas afirmaram na última pesquisa Datafolha, de outubro, que queriam se vacinar contra a covid-19. Ou seja, um em cada quatro brasileiros não sabe se vai ou não quer tomar a imunização. Em agosto, o percentual que apontou que queria tomar vacina era de 89%.
Por meio de canais na internet, vídeos usam argumentos que colocam dúvida desde a segurança das vacinas, até questionamentos sobre outros “métodos naturais” que evitariam doenças.
Uma pesquisa mostra que canais no YouTube ajudam a veicular essas informações falsas. O estudo foi feito por pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da Universidade da Califórnia Berkeley, nos Estados Unidos, publicado na revista Frontiers in Communication.
No trabalho, eles localizaram 158 vídeos sobre vacinas com mais de 10 mil visualizações, interações e conexão com outros vídeos da rede. A pesquisa foi feita entre fevereiro e março, ou seja, antes das discussões em torno da vacina da covid-19.
Oito dos 20 canais que disseminam essas informações falsas têm o selo de conta verificada pelo YouTube e pertencem a companhias ou a promotores de serviços de saúde alternativa.
No material veiculado, três argumentos se sobressaem: que as vacinas contêm ingredientes perigosos (presente em 53% da amostra), de defesa da liberdade de escolha (48%), de promoção de serviços de saúde alternativa (em 42%).