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Por Redação Rádio Pampa | 27 de agosto de 2022
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liberação para uso da vacina Jynneos/Imvanex contra a varíola dos macacos (monkeypox) e do medicamento tecovirimat para o tratamento da doença no Brasil. Para conceder as aprovações, a agência analisou dados da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e da Agência Americana (FDA).
A dispensa temporária e excepcional se aplica somente ao Ministério da Saúde e terá validade de seis meses, desde que não seja expressamente revogada pela Anvisa.
A vacina deve chegar ao Brasil a partir de setembro, segundo a pasta. A princípio, serão priorizados no recebimento de doses os profissionais de saúde que estão mais expostos ao vírus, ou seja, aqueles que atendem pacientes diagnosticados ou atuam na manipulação de amostras do vírus.
Entre os mais de 45 mil casos no mundo, foram registradas cerca de dez mortes pelo vírus. No Brasil, são mais de 4 mil casos confirmados, e até o momento, uma morte.
A maioria dos casos da doença é leve. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que quadros graves ocorram somente entre 7% e 10% dos casos.
Tecovirimat
“O Tecovirimat é um antiviral inibidor de envelope Vp37, e por isso age impedindo a replicação do vírus. O potencial benefício é evitar a disseminação no corpo, e ele é usado para diminuir a gravidade das lesões e o tempo de, assim como evitar que o quadro se agrave ao ponto de levar o paciente a óbito”, diz Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
O medicamento ficará sob supervisão do Ministério da Saúde e será distribuído somente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Seu uso é limitado, até este momento, para pacientes com casos mais graves, já que para a maioria dos infectados a doença não causa manifestações perigosas.
O Tecovirimat é recomendado em casos como de lesão grave de edema peniano (parafimose, quando a lesão impede que o paciente recubra a glande peniana), proctite (lesão no reto), acometimento de retina e aparecimento de mais de 200 lesões, o que pode causar infecções bacterianas secundárias;
Na avaliação do infectologista Alexandre Naime, o medicamento chega em um momento tardio no Brasil.
“O Ministério da Saúde já tinha que ter feito esforços para trazer essa medicação precocemente. Para o paciente que veio a óbito, todas as possibilidades de conseguir o medicamento foram tentadas ostensivamente, e se o Ministério da Saúde tivesse declarado estado de emergência de saúde pública, poderíamos ter tido uma chance melhor de salvar uma vida.”
Vacina
Para as aprovações, a Anvisa analisou dados disponibilizados pela EMA (Agência Europeia de Medicamentos) e da FDA, a agência americana que regula medicamentos e alimentos.
“Tanto a vacina quanto o remédio foram criados a princípio para combater a varíola, que tem um vírus da mesma família da ‘varíola dos macacos’”, explica a infectologista Melissa Valentini, do Grupo Pardini.
O imunizante é feito com versões atenuadas do vírus vaccinia modificado da cepa Ankara, que está relacionado ao vírus da varíola. As doses foram feitas para adultos com 18 anos ou mais, e o esquema recomendado é de duas aplicações a serem administradas com quatro semanas de intervalo. A vacina possui prazo de até 60 meses de validade quando conservada entre -60 e -40°C.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, afirmam que atualmente não há dados disponíveis sobre a eficácia clínica da vacina. A infectologista Melissa Valentini, afirma, no entanto, que a expectativa é que a eficácia seja de cerca de 85%.