Segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Vai viajar? Paris, Amsterdã, Bali e outros locais adotam taxas e novas regras para conter o turismo excessivo

Uma nova taxa para turistas em Bali. Encargos de hospedagem mais caros em Amsterdã e Paris. Regras mais severas para o consumo etílico em público em Milão e Maiorca. Com a chegada da alta temporada de verão no Hemisfério Norte, as autoridades de muitas localidades turísticas estão adotando medidas para controlar as hordas de visitantes — ou, pelo menos, faturar mais com elas.

Isso pode representar uma dor de cabeça e tanto para o viajante, ainda que, na maioria dos casos, os custos novos e/ou reajustados representem apenas uma fração mínima do custo total do passeio.

Desde fevereiro, quem chega à ilha de Bali é instado a pagar 150 mil rupias indonésias (cerca de R$ 51) por visita. A renda é usada para ajudar na preservação cultural e natural da ilha, fator mais afetado pelo turismo, principalmente em matéria de produção de lixo e sujeira, consumo de água e aglomeração. De fato, o visitante é estimulado a fazer o pagamento on-line, antes de embarcar, embora também possa fazê-lo na chegada, ainda no aeroporto.

A partir de 1º de agosto, a maioria dos estrangeiros que for às Ilhas Galápagos — que no ano passado recebeu um número recorde de visitantes, 330 mil — terá de pagar US$ 200, o dobro da taxa atual. O valor arrecadado será usado para garantir a conservação, melhorar a infraestrutura e custear programas comunitários.

Em abril, Veneza passou a cobrar cinco euros dos excursionistas nos dias mais lotados, com o objetivo de definir “um novo equilíbrio entre turistas e moradores”. Estes, entretanto, criticaram a iniciativa.

“Esse projeto é um desastre para nós. Somos uma cidade, não um parque temático. Uma campanha de comunicação teria sido mais eficiente”, reclamou Matteo Secchi, presidente da associação de residentes Venessia.com.

A possibilidade de uma cobrança semelhante — a “taxa de impacto climático” sugerida por Josh Green — também gerou protestos no Havaí. A proposta não passou na reunião recente da Assembleia Estadual, mas o governador insiste na ideia de que os visitantes têm de bancar a preparação local para os choques climáticos do futuro.

No Japão, as autoridades que cuidam do Monte Fuji impuseram um limite de quatro mil visitantes por dia e uma nova taxa de dois mil ienes (cerca de R$ 70) para quem quiser acessar o famoso cume. Em outras áreas do país, o conselho comunitário do bairro de Gion, em Kyoto, fechou uma parte das ruas aos turistas depois de várias reclamações de que a área — que abriga o distrito das gueixas — estava tendo problemas com a muvuca.

Taxas de acomodação

As taxas dos hotéis, também conhecidas como taxas de ocupação ou acomodação, são bastante comuns nos EUA e na Europa, onde já vinham se espalhando durante mais de uma década antes da Covid-19. Com a recuperação do turismo a níveis pré-pandêmicos, diversos destinos aumentaram ou reajustaram o valor para captar mais renda.

Como o Havaí, o governo da Grécia — que também foi castigada por incêndios florestais terríveis no ano passado — quer se proteger contra os desastres climáticos e fazer com que os turistas ajudem a pagar a conta. Ali a cobrança ganhou o nome de “taxa de resiliência à crise climática”, e será feita pelo setor de hotelaria e acomodação. O valor será mais alto entre março e outubro, chegando a dez euros por diária nos hotéis cinco estrelas, mas caindo entre novembro e fevereiro, sendo naturalmente menor para os estabelecimentos mais simples. Deve substituir o encargo anterior, que variava de 0,50 a quatro euros por diária.

Em Amsterdã, a cobrança, que já era uma das mais altas do continente, subiu de 7% para 12,5% em 1º de janeiro. A prefeitura também elevou o valor pago pelos passageiros de cruzeiros de 11 euros por pessoa por diária para 14 euros.

Barcelona seguiu a tendência, aumentando a taxa para 3,25 euros por diária, concluindo assim a subida gradativa iniciada antes da pandemia. Segundo o representante do governo municipal, os inquilinos de curta temporada e os cruzeiros com paradas mais breves é que pagarão a conta, já que contribuem menos para a renda municipal.

Mau comportamento

Em Milão, as novas leis visam o comportamento arruaceiro dos visitantes. Em algumas áreas, as autoridades proibiram a permanência ao ar livre depois da meia-noite e meia (em dias úteis) e uma e meia da manhã (nos fins de semana) por causa das reclamações dos moradores. Além disso, limitaram a venda de comida para viagem e bebida durante a madrugada.

E, em determinados espaços de Maiorca e Ibiza, na Espanha, que sofrem com o excesso de turistas embriagados, o governo proibiu a venda de bebidas alcoólicas de madrugada e seu consumo nas ruas. As festas a bordo de embarcações nessas regiões também sofreram restrições.

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