Segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Viajar pelo mundo ganhando em dólar: brasileiros contam como é trabalhar em cruzeiros internacionais

Desde 2015 trabalhando em alto mar, o brasileiro Alberico Junior abandonou a faculdade de engenharia de produção e decidiu viajar pelo mundo enquanto trabalha em navios internacionais de cruzeiro. Essa decisão o levou a conhecer mais de 40 países, e hoje ele compartilha sua experiência e rotina a bordo nas redes sociais.

Apesar de parecer um sonho viajar de graça, a vida em um navio é intensa. Com contratos que vão de 6 a 7 meses a bordo, os tripulantes trabalham todos os dias sem folgas. Estar longe da família e amigos também é desafiador. Além disso, às vezes o navio passa por tempestades, o que pode causar enjoo e mal-estar.

O salário depende do cargo e da companhia. Por exemplo, o trabalho de vendedor em lojas paga em média US$ 900 (R$ 4,6 mil), mais comissões de vendas, podendo chegar a um salário médio de US$ 1.500 a US$ 3.000 (R$ 7,7 mil a R$ 15,4 mil) por mês, segundo Junior. Em agências de recrutamento especializado, há vagas de barista com salário de US$ 2.800 (R$ 14,4 mil) mais comissões ou garçom com remuneração de US$ 3.045.

Apesar da rotina exigente, Junior destaca que o salário em dólar e outros benefícios como a alimentação 100% inclusa no navio compensam o esforço, mas essa vida não é para qualquer um. “É 8 ou 80, ou você ama a vida a bordo, ou descobre que não é para você”, conta.

O turismólogo Vinicius Oliveira concorda. Apesar do trabalho árduo, as vantagens de viajar sem custo, conhecer novas pessoas e aprender idiomas são inestimáveis. “Aqui o salário é todo seu, sem descontos e você abre a mente para um mundo totalmente novo.”

Vinicius se interessou por trabalhar em cruzeiros durante o último semestre da faculdade. Iniciou como fotógrafo e agora, assim como Junior, trabalha como vendedor nas lojas Duty Free do navio, focando em produtos de couro.

Ele também destaca a riqueza da convivência a bordo com colegas de diversas nacionalidades. Essa interação proporciona uma troca cultural e de experiências, além de oportunidades de aprendizado linguístico.

Rotina

A rotina de trabalho em um cruzeiro pode ser bem diversificada e depende bastante do tipo de cargo ocupado. Oliveira e Junior descrevem três situações de trabalho a bordo:

Dia de embarque: envolve receber mercadorias pela manhã e preparar a loja para ser atrativa aos passageiros.

Um dia de navegação: é o mais puxado, com a loja aberta da manhã até a noite, exigindo limpeza e organização após o fechamento, embora haja intervalos para descanso e alimentação.

Navio no porto: nesses dias, a loja não abre até que o navio parta novamente, proporcionando aos funcionários algumas horas livres para explorar o local.
Além disso, segundo Oliveira, todos os tripulantes têm um calendário de atividades no navio como festas, bingo, torneio de tênis e pingue-pongue, excursões e karaokês, além dos dias de porto, que é quando conseguem descer e aproveitar para ver a cidade, experimentar coisas novas e recarregarem a energia.

“O descanso é de lei, porque não temos um dia de folga, trabalhamos de domingo a domingo com horas de pausas ou portos, então qualquer minuto a mais que temos, é motivo para um cochilo”, conta.

Pré-requisitos 

Para se candidatar a uma vaga, os requisitos variam conforme a companhia, mas geralmente incluem inglês em nível intermediário/fluente e experiência profissional na área de interesse, seja como freelancer ou em cargo fixo. A disponibilidade para viajar em contratos de 6 a 9 meses é crucial, e a idade mínima varia entre 18 e 21 anos.

Após ser selecionado, o profissional deve realizar um curso conhecido como STCW (Convenção e Código de Instrução, Certificação e Serviço de Quarto para Marítimos, na sigla em inglês), essencial para entender o ambiente e operações a bordo. Também é necessário passar por exames médicos e ter um passaporte válido.

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