Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 20 de junho de 2023
Cientistas do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), chegaram à conclusão de que terapias a laser (fotobiomodulação) são os melhores tratamentos conhecidos para quem sofre de tinnitus, o famoso zumbido no ouvido.
Os pesquisadores compararam as principais terapias utilizadas atualmente e também combinações entre elas. Apesar de não ser considerado uma doença, o tinnitus é incômodo e, em alguns casos, incapacitante. Estima-se que 750 milhões de pessoas sofrem com zumbido no ouvido, de acordo com um estudo europeu que analisou cinco décadas de dados de pacientes.
Como pode estar relacionado a diversos problemas, de insuficiência na irrigação periférica e lesões locais a bruxismo e excesso de cera, não há tratamentos padronizados ou medicamentos aprovados por órgãos sanitários, como a agência reguladora americana Food and Drug Administration (FDA).
“O zumbido no ouvido é um sintoma de grande incidência na população, tratado com uma infinidade de métodos, desde lavagem interna do ouvido a drogas como anestésicos locais, antidepressivos, anti-histamínicos, antipsicóticos e sedativos, com resultados diferentes”, afirma Vitor Hugo Panhóca, pesquisador do CEPOF.
Panhóca encontrou artigos mostrando resultados consistentes da aplicação de laser de baixa potência e o fim do incômodo zumbido e decidiu testar na prática. As tentativas com o uso de modalidades alternativas e complementares de tratamento para pacientes com zumbido idiopático (sem causa aparente) e refratário, ou seja, que não responde a outros tratamentos, duraram cerca de quatro semanas.
Foram dez grupos de mais de cem pacientes (homens e mulheres entre 18 e 65 anos), que passaram pelas seguintes terapias: laserpuntura (laser combinado com acupuntura), dicloridrato de flunarizina, o fitoterápico ginkgo biloba e estimulação transmeatal a laser de baixa intensidade (LLLT) sozinha e combinada com vacuoterapia.
As aplicações eram feitas duas vezes por semana, totalizando oito sessões. Avaliações do zumbido e da qualidade de vida dos pacientes antes e depois do tratamento também foram implementadas – incluindo uma revisão 15 dias após a suspensão do protocolo. A ideia por trás do questionário era entender como o zumbido afeta os âmbitos físico, mental, ocupacional e social.
Os melhores resultados foram observados nos pacientes que passaram por laserpuntura e estimulação transmeatal aplicando laser de baixa intensidade. No caso da LLLT, houve uma melhora maior com o aumento do tempo de irradiação de seis para 15 minutos.
“Os efeitos incluíram ação anti-inflamatória e sensação de relaxamento. Acreditamos que o laser possa aumentar a irrigação periférica, que pode ser o centro do problema em muitos casos, e a proliferação de células e colágeno”, diz Panhóca.
O pesquisador espera que o estudo possa ajudar a pavimentar o caminho para a criação de um protocolo para o uso dessa ferramenta por dentistas, otorrinos, fonoaudiólogos e outros profissionais da área de saúde que lidam com pacientes que apresentam zumbido.